bio
Hirosuke Kitamura was born in Osaka, Japan, in 1967. Raised in Bangkok, Thailand, he was fluent in the Thai language, which he no longer remembers. He trained six days a week in a boxing gym in order to become a professional boxer, but had to give up his dream as his left eye was injured during a fight. In 1990, after graduating in Literature from the Kyoto University of Foreign Studies, he came to Salvador through an exchange program and worked in a bank as an intern. He taught Japanese at a university just because he could speak Japanese. In 1995, Kitamura took a crash course in photography and began photographing with a Nikon FM2. In Bahia, he is known as Oske or China.
solo exhibition
2017 「Breu」 Doc Galeria/Biographica – São Paulo
2014 「Samsara」Galeria 1500 babilônia – Rio de Janeiro
2012 「Hidra」Galeria Fauna – São Paulo
2012 「Hidra」1500 Gallery – New York, EUA
2008 「Morte cerebral de uma cidade sem lembranças」Galeria Solar Ferrão, Salvador-BA
2004 「Material in Vita」 Conjunto Cultural da Caixa, Salvador – BA
2002 「Casa de Encontro」 Galeria Fayga Ostrower (FUNARTE), Brasilia – DF
2002 「Salvador - Cidade que se mantém orando」NIKON Salon, Tokyo - JAPÃO
collective exhibition
2023 Terra em Transe / Centro Cultural do Cariri - CE
2023 Nenhum Lugar Agora - Nowhere Now / Edifício Vera, São Paulo-SP
2021 Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger / Premiado, Palacete das Artes, Salvador –BA
2021 Terra em Transe / Museu Afro Brasil, São Paulo – SP
2020 Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-20 anos / Museu Arte Moderna de São Paulo –SP
2018 Solar Foto Festival / Terra em Transe, Museu de Arte Contemporânea Dragão do Mar, Fortaleza –CE
2017 Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger / Selecionado, Palacete das Artes, Salvador–BA
2017 Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia / Premiado, Casa de Onze Janelas,Belém -PA
2016 Só cabeças / Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador – BA
2016 「Universo Oculto」/ Espaço Pierre Verger da Fotografia Baiana, Forte de Santa Maria – Salvador – BA
2016 Humanas Interlocuções / Fundação Vera Chaves Barcellos, Porto Alegre - RS
2014 Salões Regionais da Bahia / Camaçari - BA
2013 Experências e Extremos / Galeria Leme, São Paulo - SP
2012 Bienal do Recôncavo / São Felix - BA (Prêmio Aquisição)
2012 Albatrozes imóveis no ar / Galeria ACBEU – Salvador - BA
2011 Salões Regionais da Bahia / Alagoinhas - BA
2010 Art San Diego / California - EUA
2010 Salões Regionais da Bahia / Jequié-BA(Menção honrosa)
2008 Bienal do Recôncavo / São Felix - BA (Menção honrosa)
2008 Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre FestFotoPoa /Porto Alegre
2007 Photo Espanha / Museu de Arte Contemporâneo, Madrid - Espanha
2007 MíraMe – Uma ventana a la fotografía brasilena / Fototeca, Havana - Cuba
2007 Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre FestFotoPoa / Porto Alegre
2006 A fotografia na Bahia / Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador - BA
2004 Salão do Arte Pará / Belém – PA
2003 Exposição Destaque, Alunos das Oficinas do MAM-BA
2002 Salão do Arte Pará / Belém - PA
2002 Coleção Pirelli / Museu de Arte de São Paulo(MASP), São Paulo-SP
2001 3a.Mostra-Programa Anual de Fotografia / Centro Cultural São Paulo – SP
2001 Galeria ACBEU / Salvador – BA
2000 3a. Bienal Internacional de Fotografia / Curitiba – PR
1998 Concurso Nacional de Fotografia de futebol – FUJIFILM / São Paulo–SP.
1997 Primeiro Lugar/Concurso Bahia de Todos os Ângulos/ promovido pela TV Bahia e Jornal Correio da Bahia / Shopping Barra, Salvador – BA
1996 O olhar oriental sobre a Bahia / Fundação Oriental KIKUCHI – Pelourinho, Salvador-BA.
residency programs
2016 Assosiação de Prostitutas em Minas Gerais / Guaicurus (BH)
2017 Diário Contemporâneo / Belém
collection
Museu de Arte de São Paulo (Coleção Pirelli)
Museu de Arte Moderna de São Paulo (Clube dos Colecionadores)
Fototeca (Havana)
Centro Dannemann(São Felix)
Espaço Pierre Verger da Fotografia Baiana
Tenho certa admiração pela culturas orientais, em especial, à cultura e o povo japonês. São possuidores de uma atmosfera serena e abstrata, na persistente direção à finalidade do propósito inicial. São portadores do fruto de uma genealogia cultural antiga, não importando se residem em seu pais de origem ou se estão semeados pelos quatro cantos da terra.
Já alguns anos tenho observado não só o desenvolvimento do trabalho do artista fotógrafo Hirosuke Kitamura, Oske, mas também a sua tentativa de adaptação como personagem inserido na cultura baiana. A sua simplicidade e a cuidadosa observação do nosso universo mítico da Bahia está inserida nas imagens que agora nos apresenta.
As suas fotografias são na sua maioria fragmentos de um tempo perdido que ainda pode ser ressuscitado por aqueles personagens solitários na sua trajetória persistente.
Poucos são os homens que trabalham em silêncio, que vão de encontro às raízes do substancial independente de credo, de etnia, de partidarismo.
O trabalho de Oske é uma gota de veneno na vaidade dos fotógrafos de nossa cidade. Gosto do seu trabalho e da sua postura como indivíduo a qualidade da obra depende dessa relação.
Mario Cravo Neto 2004
Intimidade sem lembranças
Hirosuke Kitamura vê uma coisa dentro da outra, o que aparece em suas fotografias desenhadas sob uma membrana arriscada : a cidade se esconde para mostrar-se como lamparina de sua própria existência. É desse jeito, e por isso mesmo, que o fotógrafo olha para dentro : suas sombras não têm medo ; suas buscas pelos recantos adormecidos nos levam a desdobramentos onde Salvador aprece sem a máscara poluída que as duas últimas décadas impuseram à sua memória carnavalizada. Se existem cicatrizes, as imagens de Kitamura não as negam. Se há cicatrizes, elas cortam. Mas quem de nós nunca viu a pele do tempo sangrar? Mas quem vê o que Kitamura procura? Onde adormece (ou morre) a cidade sob as jantes dos trios elétricos? A cidade deixa os seus líquidos de verdade escorrerem em suas balaustradas ensolaradas. Suas paredes descascadas pelo tempo refletem sua própria sombra e a sombra dos seus filhos : uma mão incógnita sobre o muro ; a mulher que vende o seu corpo quase sacrificado ; o bêbado que adormece sentado antes de despertar para o dia seguinte ; as cabras, ali, quase táteis, juntas, única pele de uma poesia em três tons. Mas o que significa tudo isso se o que verdadeiramente nos importa é o Carnaval? Não, o Carnaval já passou e vai passar outra vez. A cidade não, ela finca-se em seu fluxo entre ternura e massacre.Na fotografia de Kitamura a cidade há. Existe porque será eterna. Sua voz não cala. Contemos então onde está a nossa verdadeira história. Salvador se entrega como ponto luminoso nos seus dias e nas suas noites. As fotografias que aqui estão falam sobre isso : sobre esses personagens em busca da recuperação de um segredo (a própria memória); de coisas que não podem mais serem vistas de maneira razoável ; de um tempo que se pergunta para onde estamos indo : se há cicatrizes, elas cortam. Mas quem de nós nunca viu a pele do tempo sangrar?
Diógenes Moura 2008
O trabalho de Hirosuke apresentam uma singular capacidade de acentuar determinados aspectos do cotidiano que, muitas vezes, tornam-se invisíveis aos nossos olhos. A temática deflagrada pelo artista não se encerra nos limites do ambiente ali exposto; seu olhar incide sob o que há de grave, torna perceptível outras realidades desnudando-as através das marcas do tempo e de sua inexorabilidade. Para além do observador-etnográfico, Hirosuke registra situações e pessoas que encarnam as mais intensas contradições; lugares e corpos que se situam na tensão entre paradoxos e que por isso tornam-se, de maneira muito particular, belos- podemos mesmo dizer, de acordo com o filósofo Jacques Ranciére, que “O banal torna-se belo como rastro do verdadeiro”.
Laio Bispo 2012