atração gravitacional (2021)

photography

As imagens mostram a relação entre o homem e a natureza diante da atração gravitacional. Normalmente, nós não percebemos a presença da gravidade no dia a dia. Mas, quando vejo meus arredores, observo a paisagem e me pego cotidianamente contemplando movimentos que nos remete a atração gravitacional e percebo sua interferência na vida cotidiana. A chuva caindo do céu, o whisky que sobrou no copo, as lágrimas que delicadamente deslizam dos olhos, a urina lançada para o vaso sanitário, as folhas de samambaia caídas no piso escorregadio, o avião despencando em um acidente aéreo. Ao tentar deslocar os pés do chão saltando rumo ao alto, somos puxados para terra por causa da gravidade. 

Corpos, objetos e espirito sofrem ação contínua da gravidade.

Todo dia nós enfrentamos os problemas e os cansaços acumulam na mente e reverberam no corpo. Quando eles alcançam o nível máximo, nós inclinamos e seguramos a cabeça para baixo e começam as angústias. Gravidade puxa a dor e o sofrimento pela nossa boca soltando para terra. Nós sentimos vertigem e agonizamos mais ainda quando descemos mais profundo, nesse movimento, às vezes avistamos objetos transfigurados por causa da tontura, e o corpo também começa a metamorfosear. O corpo ou o elemento transfigurado vai desaparecendo e vira rastro silenciosamente no abismo. 

Nesse projeto "Atração Gravitacional" apresento o sofrimento e o ferimento do corpo puxado para baixo pela gravidade. Os trabalhos polípticos dialogam entre gritos humanos e texturas dos ambientes. Os corpos castigados sem identidade entram no poço buscando uma saída para tentar se livrar e respirar no mundo complexo de contradição e irracionalidade. Nós podemos sair deste poço, mas o sofrimento prossegue e acabamos caindo no buraco outra vez. A história humana sempre se repete. A tecnologia avança na sociedade, mas o espírito humano e as relações social não acompanham esse desenvolvimento, permanecendo no ciclo de repetições. Estamos presos neste buraco gravitacional.

Através das imagens desejo que cada espectador reflita e relacione a ação da gravidade na sua vida.

Hirosuke Kitamura